Aos 32 anos, o músico Keweny Lessa soube que havia sido demitido do trabalho em um almoxarifado de loja de moto em Maceió no mesmo dia em que gravaria a música autoral como parte do projeto social Fábrica dos Artistas, iniciativa inédita em Alagoas. Os fatos, porém, convergiram para que ele passasse de um dos 20 convocados para a experiência a ser promovido como um dos técnicos vocais do processo. Ao fim do processo, Keweny Lessa gravou a música autoral “Areia” (2024).

O Fábrica de Artistas está com seu terceiro grupo composto por cinco artistas alagoanos que são submetidos a atividades de aprimoramento vocal, postura de palco, dança, fonoaudiólogo e noções de marketing para a carreira.

“Alegria é uma palavra que define tudo que tem acontecido comigo até agora, desde que entrei como convocado no Fábrica de Artistas.
A minha, digamos, promoção para ajudar colegas músicos com técnica vocal é um processo de afirmação de que esse é o único caminho que tenho para seguir na vida. Hoje, entendo que a música me escolheu. Dessa forma, tenho afastado de mim toda a insegurança que me acompanhou ao longo do tempo. Tenho paz de espírito, pois meu dia é acordar e ir dormir vivendo a música”, destacou Keweny Lessa.

Apesar de ter que trabalhar em outras atividades para se manter, o músico alagoano nunca deixou a música de lado: Keweny Lessa mantém um grupo virtual para aulas vocais com alunos do Brasil e fora do país, este gratuito, e possui alunos que também fazem as aulas online, há seis anos. Assim como inúmeros outros artistas locais, Keweny também se ressente do fato de que, em Alagoas, o trabalho dele ainda não é reconhecido, mesmo como facilitador vocal para quem deseja aperfeiçoar a forma de cantar.

“Infelizmente, isso é uma realidade. Há mais de 6 anos dou aula, tenho grupos online comigo, mas quase todo formado por pessoas de fora de Alagoas, de Maceió. Há gente de outros estados e até de fora do país nesse processo comigo. Aqui, ainda, não tive o retorno do estado onde nasci e vivo. Porém, agora com o Fábrica de Artistas, essa realidade mudou”, analisou.
Coordenador-geral do projeto social, Lucas Mello afirma que desde o começo a capacidade vocal de Keweny Lessa chamou a atenção do grupo de técnicos e oficineiros do projeto. Um conjunto de fatores levaram o cantor a virar integrante do projeto social.

“Nosso diretor musical, Tiago Araújo, foi descobrindo todo potencial vocal do ao longo do processo e nós já vínhamos trabalhando no sentido de implementar algumas questões dentro do projeto, e ele se encaixou muito bem como técnico para nos ajudar com as aulas vocais. Ele se destacou nesse aspecto e resolvemos juntá-lo ao nosso grupo, também pela maneira como Keweny se doou ao processo nesse tempo todo”, destacou Lucas Mello.

Também convocada para o Fábrica de Artistas, a cantora gospel Deise Nascimento foi uma das que aprovaram o trabalho feito por Keweny Lessa como instrutor para a parte vocal. Ela integrou o segundo grupo da experiência, que encerrou o aprimoramento em agosto.

“Keweny tem uma voz muito boa, ele tem habilidade para passar a quem o está escutando o que ele sabe dentro da música. Eu e meus colegas aprovamos o trabalho dele. Gostei tanto que cheguei a fazer uma aula extra com ele para melhorar minha forma de cantar”, destacou a cantora.

Parceria – A realização do Fábrica de Artistas só é possível graças à parceria do projeto com a ONG Pedro Cavalcanti e o Instituto Pra Vida, ambos de Arapiraca.