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Metade das mulheres do Nordeste sofreu violência doméstica, revela Mapa Nacional da Violência de Gênero

Em uma realidade chocante e alarmante, quase metade das mulheres no Nordeste do Brasil já sofreu alguma forma de violência doméstica. Este dado perturbador foi revelado na primeira atualização do Mapa Nacional da Violência de Gênero, um projeto conjunto do Senado Federal, através do Observatório da Mulher Contra a Violência (OMV) e do DataSenado, com o Instituto Avon e a Gênero e Número.

A Gravidade da Situação
A pesquisa aponta que 47% das mulheres nordestinas relataram ter sido vítimas de violência doméstica. Entre os estados mais afetados, Rio Grande do Norte e Pernambuco lideram com 51% das mulheres afirmando ter vivenciado abusos, seguidos por Ceará (50%) e Sergipe (48%). Alagoas e Piauí também apresentam índices elevados, com 47% cada.

Este levantamento é crucial para compreender a extensão e a profundidade da violência de gênero em cada estado. Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon, explica: “A análise de dados de violência de gênero por estado é fundamental para compreendermos, com maior profundidade, o real cenário de cada região do país. Com estes insumos, pretendemos contribuir com a gestão pública na criação e aperfeiçoamento de medidas, serviços e políticas públicas de conscientização, apoio e proteção de mulheres em situação de violência.”

Desconhecimento da Lei Maria da Penha
Além da alta incidência de violência, a pesquisa também revela que 69% das mulheres nordestinas conhecem pouco a Lei Maria da Penha, legislação fundamental para a proteção contra a violência doméstica. Estados como Maranhão e Piauí têm os piores índices de desconhecimento, com 72%, seguidos por Ceará (71%) e Sergipe (70%).

A falta de conhecimento sobre os direitos e mecanismos de proteção resulta em um número alarmantemente baixo de mulheres que solicitam medidas protetivas de urgência. Apenas 27% das vítimas de violência no Nordeste buscaram essas medidas. Em Alagoas, esse número cai para 20%, o mais baixo da região.

Impacto da Falta de Informação
Maria Teresa Prado, coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência do Senado Federal, destaca a importância de escuta qualificada e apoio psicológico para as mulheres em situação de violência. “Dentre as respostas trazidas pela pesquisa, uma chave para libertar essa mulher de relações abusivas é o maior acesso à escuta qualificada e ao apoio psicológico e assistencial na fase inicial da violência, que leve informação, segurança e caminhos para essa mulher.”

Mapa Nacional da Violência de Gênero
Lançado em novembro de 2023, o Mapa Nacional da Violência de Gênero é uma ferramenta interativa que reúne dados nacionais e indicadores sobre a violência contra mulheres no Brasil. A pesquisa, que entrevistou 21.787 mulheres de 16 anos ou mais entre 21 de agosto e 25 de setembro de 2023, visa fornecer uma base sólida para a criação de políticas públicas eficazes.

Desde seu lançamento, o Mapa já recebeu duas atualizações e foi apresentado internacionalmente na 68ª Comissão sobre o Status da Mulher da ONU, recebendo o prêmio na categoria Impacto Global pelo Qlik Transformation Awards.

Vitória Régia da Silva, presidente e diretora de conteúdo da Gênero e Número, ressalta a importância dos dados: “Sem dados não há políticas públicas eficazes e o papel do Mapa Nacional da Violência de Gênero é visibilizar e disponibilizar os dados de violência de gênero em todos os cantos do país.”

Conclusão
Os dados apresentados pelo Mapa Nacional da Violência de Gênero são alarmantes e revelam a urgência de ações mais eficazes e informadas para combater a violência doméstica no Nordeste e em todo o Brasil. É crucial que tanto as políticas públicas quanto a conscientização sobre os direitos das mulheres sejam intensificadas para garantir um futuro mais seguro e justo para todas.

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