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O tradicional Dia do Índio, celebrado dia 19 de abril, este ano passa a ser chamado oficialmente de Dia dos Povos Indígenas, de acordo com a Lei de Nº 14.402/22. A mudança do nome da celebração tem como o objetivo ressaltar a diversidade das culturas dos povos originários.
De acordo com a historiadora e professora de Direito da Estácio, Anne Caroline Fernandes, o termo ‘indígena’, significa ‘originário ou ‘nativo’ de um local específico, sendo uma forma mais precisa de se referir aos diversos povos que, desde antes da colonização, vivem nas terras que hoje formam o Brasil. “O estereótipo do ‘índio’ alimenta a discriminação, que, por sua vez, instiga a violência física e o esbulho de terras, hoje constitucionalmente protegidas”, explica a docente.
Anne conta que a alteração do nome da celebração e a criação de um Ministério dos Povos Originários incentivam o progresso. “Agora com a Sônia Guajajara como ministra os povos indígenas terão uma representação maior para as suas questões. Causando um avanço na preservação, saúde, políticas públicas e no acesso à educação”, comenta.
Até o final dos anos 1990, os indígenas universitários eram poucos. Segundo o Censo Demográfico de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, eles eram em média 4 mil. Nas últimas duas décadas houve um crescimento expressivo, chegando, segundo o Censo da Educação Superior (CenSup), a 47 mil matriculados em 2020.
Esse é o caso de Haje Kalapalo, com 31 anos, membro da aldeia Tangurinho Kalapalo, um grupo indígena que habita o sul do Parque Indígena do Xingu, no estado do Mato Grosso. O indígena foi para Goiânia em busca de uma oportunidade no ensino superior em 2019. “Sai da minha aldeia em busca de uma formação e conhecimento que não tinha acesso na minha terra”, explica.
Haje conta que sempre teve interesse pela área de ciências biológicas e hoje cursa enfermagem em uma unidade de ensino superior da Estácio, em Goiás. “Meu sonho é trabalhar na área da saúde e conseguir ajudar meu povo e as pessoas. Por isso fui atrás de uma formação técnica”, revela.
“Quando finalizar o curso quero voltar para a minha aldeia para atuar como enfermeiro, assim vou prestar um serviço para a minha comunidade e estar perto da minha família”, finaliza o indígena.
Em um país cujos povos originários foram e continuam tão brutalmente massacrados, conquistas como a criação de um ministério, a ocupação de cargos políticos e espaços na academia devem ser comemorados sim, mas há de se ressaltar que a luta é constante.