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Impulsionado pelo bolsonarismo, o PL elegeu a maior bancada do Congresso para a próxima legislatura, mas o grupo mais associado ao presidente Jair Bolsonaro terá dificuldades de conquistar protagonismo no próximo Congresso.
Além da derrota de Bolsonaro nas urnas, os acenos do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao Centrão e a aproximação com o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) devem dificultar pretensões de nomes como como Carla Zambelli (PL-SP), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF).
A legenda comandada por Valdemar Costa Neto, que terá 99 deputados e 14 senadores (oito eleitos em 2022), anunciou oficialmente na quarta-feira, 8, que fará oposição a Lula. Em troca do apoio à reeleição de Lira à presidência da Câmara, o partido articula para ter a vice-presidência da Câmara e a chefia do Senado.
O desejo da cúpula do PL, porém, pode não vingar caso o atual presidente da Casa feche um acordo com a base de Lula, o MDB e o Centrão. O acerto pode isolar o PL, mas, pelo tamanho da bancada, a legenda ainda poderia reivindicar cargos na Mesa Diretora e em comissões em nome da proporcionalidade.
No entanto, sem a retaguarda do Planalto, nomes que tiveram protagonismo na atual legislatura, como Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Bia kicis devem perder protagonismo no Parlamento, enquanto as vozes moderadas do PL podem ocupar os espaços mais disputados.
A votação que define os integrantes da Mesa é secreta, mas assegura uma representação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares, sem prejuízo de candidaturas avulsas. Como as siglas escolhem os candidatos que as representarão na eleição aos cargos, os quadros com discurso mais radicalizado podem ser preteridos dentro do próprio partido.
Disputa
Dentro da própria bancada já existe uma disputa pela vaga de líder na Câmara. Zambelli apresentou seu nome e Eduardo Bolsonaro também é citado.
“Jair Bolsonaro vai voltar em 2026 e precisamos manter viva a representação do nosso presidente no Congresso. Vejo o Eduardo Bolsonaro como um bom nome para liderar o partido”, disse o deputado Capitão Alberto Neto (PL-CE).
O deputado e presidente da Comissão de Agricultura, Fernando Giacobo (PL-PR), argumentou que ser oposição ao governo não significa perder espaços no Congresso, que seguem uma distribuição regimental. “Nós temos a maior bancada, mesmo sem bloco, e vamos pleitear a presidência do Senado dentro de uma composição com Lira”, disse. Se o Progressistas não compuser o bloco para apoiar o PL no Senado, o acordo estaria desfeito. O nome indicado pelo partido de Bolsonaro à Casa deve ser o do senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do governo.
Resistência
Os representantes da ala mais radical do bolsonarismo também enfrentam resistência entre os partidos do centro e a rejeição da esquerda. Para o vice-líder do PSD na Câmara, Fábio Trad, nomes radicais “não prosperarão” neste Congresso e “serão rejeitados naturalmente pelos pares”. “Porque não se coadunam com essa feição de centro que, pelo andar da carruagem, o governo Lula vai dar”, disse.
“Vai haver uma mudança da água para o vinho no Congresso. Não tem sentido (ter) radical de direita (nos cargos principais do Congresso). Agora serão nomes de centro. Se não, vai ter reação”, completou o parlamentar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Gustavo Queiroz e Pedro Venceslau
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