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Um burburinho se instalou na entrada do 3.º andar do Itamaraty, no domingo, 1º, volta das 20h, quando expoentes do governo recém-empossado aguardavam a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao coquetel oferecido às delegações estrangeiras presentes na posse presidencial. Mas não era Lula, já atrasado há uma hora, quem chegava, e, sim, três ministros do Supremo Tribunal Federal: Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
Um grupo correu para fazer selfies com Moraes – possivelmente o campeão dos pedidos de fotos da noite, seguido pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Lewandowski também foi abordado para fotos.
Os dois ministros do Supremo, que são, atualmente, presidente e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, já tinham jantado juntos na noite anterior, quando eles e as respectivas mulheres passaram o réveillon na casa do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Já Toffoli, que se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos anos, e negou pedido de Lula, quando preso, para ir ao velório do irmão, não foi tão festejado.
O futuro presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, foi um dos que recepcionaram Lewandowski calorosamente. “O mundo dá voltas”, disse o petista ao magistrado que conduziu, no Senado, o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Os dois conversaram a sós por um longo período.
Vaga no STF
Ainda sem Lula no salão, a disputa velada pela próxima vaga do Supremo, justamente a que será aberta com a aposentadoria de Lewandowski, fazia convidados quererem se aproximar dos dois cotados: Cristiano Zanin, que defendeu Lula na Lava Jato, e Manoel Carlos de Almeida Neto, diretor-jurídico da CSN. Ex-secretário-geral de Lewandowski, Manoel Carlos é o nome preferido pelo ministro.
Juristas próximos ao novo governo também discutiam o futuro de outra vaga no Judiciário: a indicação de novo integrante da advocacia ao TSE, que deve ocorrer em maio.
Sala reservada
Lula já havia dito a um amigo, ainda na cerimônia no Palácio do Planalto, que estava muito cansado, antes de se dirigir ao Itamaraty. Quando chegou ao local, com uma hora e meia de atraso, alguns convidados já tinham desistido de esperá-lo – caso do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
O presidente chegou às 21h e ficou pouco mais de uma hora na casa. Foi, na sequência, ao Festival do Futuro, organizado pela primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, para o público que acompanhou a posse na Esplanada. O casal mudou de roupa antes do coquetel. O terno e a gravata na cor azul deram lugar a um costume preto e gravata vermelha. Janja trocou o blazer e calça em tons pastéis por um vestido azul.
Lula não usou em nenhum momento a gravata listrada com as cores da bandeira nacional, que o acompanha há anos e vestiu em debates na campanha eleitoral. Ela foi usada por um dos filhos filho Luís Cláudio Lula da Silva. Ele e a irmã Lurian tietaram o ex-BBB Gil do Vigor no coquetel.
Ao chegar para o evento da noite, Lula foi saudado por uma multidão, no mezanino do ministério. Subiu ao terraço, onde há um jardim de inverno e a visão da Praça dos Três Poderes, Esplanada e Palácio da Justiça, mas ficou todo o tempo em um espaço reservado, a Sala Rio de Janeiro.
Familiares de Lula e alguns chefes de Estado puderam entrar no espaço. Mas a maior parte dos convidados não viu o presidente. Frustrados com a ausência do recém-empossado circulando livremente pelo salão, como é costume, um grupo se postou em frente à sala onde o presidente estava e começou a gritar “Lula, cadê você? Eu vim aqui só para te ver”. Não surtiu efeito.
Passe livre
Haddad, que estava acompanhado da mulher, Ana Estela, e dos filhos, Frederico e Ana, era um dos que tinham passe livre para se juntar a Lula. Antes disso, no entanto, cumprimentou e tirou fotos com conhecidos e desconhecidos. Já Alckmin circulou e posou para fotos com convidados e funcionários que trabalhavam no evento. Parou para cumprimentar o almirante Marcos Olsen, novo comandante da Marinha. Foi um dos militares que mais tempo permaneceram no coquetel, assim como o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
O dia foi tão longo que o chanceler Mauro Viera perdeu a voz. Ele precisou de uma injeção para tentar se recuperar. Hoje, Vieira deve participar de 15 reuniões bilaterais no Palácio Itamaraty com Lula, e mais duas com outras autoridades. Ficou até o fim da festa, com diplomatas mais jovens envolvidos na organização da posse.
O Itamaraty serviu vinho tinto e espumantes do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, além de um cardápio típico do Brasil, com croquetes de carne, bolinho de feijoada e acarajé. Para a sobremesa, quando a maioria já tinha ido embora, inclusive Lula, foram servidos doces de abóbora e mamão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Beatriz Bulla e Felipe Frazão
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