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Eles sempre fizeram política, mas nunca tinham experimentado estar no centro do poder. Escalados para compor o governo de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cerca de 130 representantes da academia, de movimentos sociais, das classes artística e esportiva e das mais variadas organizações da sociedade civil vivem hoje o desafio de ajudar a colocar em prática algumas das ações que sempre defenderam, mesmo que de fora das disputas eleitorais.
Atuando de forma voluntária – ou seja, de graça -, os especialistas cumprem uma jornada dupla, repleta de reuniões e visitas técnicas. E com prazo a cumprir. Até o dia 11 de dezembro, os relatórios das equipes temáticas deverão ser entregues ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB).
“É uma tarefa gigante, algo novo para todos nós da sociedade civil organizada. A nossa linha aqui é a da razão científica. Temos de fazer um diagnóstico e preparar o governo para os cem primeiros dias. Não é sobre reinventar a roda, nem fazer um plano de quatro anos, mas focar no que é mais urgente”, disse a advogada especialista em direitos humanos Sheila de Carvalho.
Para a advogada de 31 anos, o processo tem lhe permitido um amadurecimento instantâneo. “Pessoalmente, para mim é maravilhoso estar aqui, conseguir que nossas agendas sejam ouvidas”, afirmou que a ativista, que atua no grupo de justiça e segurança.
Ainda mais jovem, com 27 anos, a atual presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, também comemora a oportunidade de ser ouvida na transição. “A expectativa é de uma abertura democrática que possibilite ao movimento social, especialmente ao movimento estudantil, caminhos para apresentar suas propostas”, disse Bruna, do grupo Juventude.
Foi com uma demanda também bastante clara que o cardiologista Roberto Kalil Filho aceitou atuar na transição da saúde. Médico do presidente Lula e diretor clínico do Instituto do Coração (Incor), Kalil afirmou que sua participação tem por objetivo o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “Esse trabalho é fundamental e é aí que eu me incluo”, disse o médico, que reuniu colegas para ajudar por conta no grupo.
Aulas e orientações
No grupo da fazenda, o professor de economia da USP Paulo Feldmann vive uma jornada dupla desde que aceitou contribuir nas ações para micro e pequenas empresas. Enquanto finaliza orientações e aulas na universidade, ele acompanha de forma online as reuniões focado no diagnóstico do governo atual.
“Estamos verificando qual é a atual organização da gestão e se ela dá conta do que se pretende fazer”, disse. “Para quem é da área de administração, esse é um trabalho muito rico. Semana que vem é hora de ir a Brasília”, afirmou o professor, sem reclamar de trabalhar em dobro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Adriana Ferraz
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